Preceito básico

O bom vinho não é o que os críticos e os entendidos enaltecem, nem aquele que custa os olhos da cara, nem o que todos bebem. O bom vinho é aquele de que gostamos, o que conseguimos comprar e, principalmente, o que bebemos em boa companhia!


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Martha's Porto 10 anos



Esse foi comprado numa pequena porém abastada enoteca em Sintra, em viagem recente a Portugal.
O painel da entrada já mostra qual o espírito da loja.



O vinho, que foi muito recomendado pelo vendedor, realmente é um tiro. Agradou demais.
Não sei se, num duelo, seria páreo para o afamado Porto da Pet, mas faria bonito com certeza.

Bonita cor castanho-claro, translúcida.
Nariz delicado, complexo, com caramelo, frutas secas, cravo e cedro. Boca untuosa, sutil, com álcool na medida e uma pontinha de acidez que´proporciona frescor sem perder a potência. Final longo e magestoso.


Custou 20 euros lá. Não consegui achá-lo, mas imagino o preço que teria por aqui.
Classificação LV: muito bom.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Marques de Riscal Reserva 2005


A sensação de abrir um vinho nunca antes provado é indescritível. A incerteza sobre o conteúdo de uma garrafa é instigante.
Gosto de imaginar o terroir, os vinhedos, plantados a tantos anos, aguardando para fornecer as uvas deste vinho. Depois, a vindima. Os trabalhadores colhendo os cachos com cuidado. A atenção no manuseio, o trabalho do enólogo, o afinamento na barrica, a espera na garrafa. Tudo isso gera uma expectativa quando abrimos a garrafa. Particularmente não tenho nenhuma pressa e prolongo esses momentos ao máximo. Aproveito cada instante. E foi assim com este belo exemplar espanhol. Aliás, os espanhóis tem ganhado cada vez mais espaço na minha adega e, com certeza, aparecerão seguidamente aqui no blog. 
Esse vinho já é manjado e sempre é um tiro certeiro. Faz bonito onde quer que vá.
Bonita cor rubi profunda, com alguns reflexos alaranjados.
Nariz com frutas vermelhas (cereja), notas balsâmicas, baunilha, tabaco e chocolate.
Na boca, corpo médio, acidez na medida, álcool imperceptível, taninos finos e notas de tostado.
Retrogosto incrivelmente longo, confirmando o nariz.
Agradou demais.
Preço médio : 100 dilmas.
Classificação LV: excelente.

FICHA

Produtor: Marques de Riscal
Tipo: Tinto
Região: Rioja
País: Espanha
Safra: 2005
Uvas/corte: Tempranillo (90%), Garnacha e Mazuelo.
Graduação Alcoólica: 13%
Temperatura de Serviço: 15oC
Envelhecimento: 12 meses em barrica e 24 em garrafa
Estimativa de Guarda: 10 anos
Avaliações de referência: 90 RP (05)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Casajús Vendimia Seleccionada 2007


Com certeza a invasão das terras tupiniquins pelos espanhóis tem trazido muita coisa boa para as bandas de cá. Este é mais um belo exemplar e despertou o desejo de conhecer melhor os caldos deste produtor.
Cor rubi brilhante e translúcido.
Nariz instigante, com várias camadas, com frutas escuras, ameixa, especiarias e tabaco. A madeira discreta não deixou o vinho pesado, conferindo frescor.
Na boca a boa acidez deu vida. Equilíbrado e coerente, com corpo médio, taninos finos, álcool na medida e boa complexidade. Final longo e delicioso.
Você nem sente a garrafa esvaziando.
Agradou demais. 
Preço: 70 - 80 reais (vale).
Classificação: excelente.

FICHA

Produtor: Bodegas JA Calvo Casajús
Tipo: Tinto 
Região: Ribera Del Duero
Safra : 2007
País: Espanha
Uvas: Tempranillo(100%).
Temperatura de Serviço: 15oC
Envelhecimento: 24 meses em barricas de carvalho.
Safra: 2007
Estimativa de Guarda: 5 anos
Avaliações : 92 RP (07)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O melhor vinho da minha vida

Outro dia, um amigo me perguntou por que eu não aplicava notas aos vinhos que degustava e postava no blog.
Respondendo, acho que não se avalia vinho como uma máquina, com parâmetros numéricos, precisos de desempenho. Vinho é o momento, a ocasião, a companhia, o lugar, o estado de espírito e, obviamente, o vinho em  si.
Não estou dizendo que vou para Paris, sentar num restaurante maravilhoso à beira do Sena, muito bem acompanhado e beber um "Sangue de Bois" achando que aquilo é a oitava maravilha do mundo! Mas dentro de uma perpectiva plausível de bons vinhos, uma boa parte da avaliação pessoal que fazemos dos vinhos tem a ver com o que está ao redor da garrafa e não dentro. Quem nunca bebeu um vinho com 90 pontos e não gostou? Ou um 80 pontos e adorou? Ou ainda, quem nunca não bebeu um vinho numa determinada ocasião e achou muito bom e, numa outra ocasião, achou que ficou devendo? Além disso, o que é bom para um, pode não ser para outro.
De qualquer forma, faço o registro dos vinhos no blog numa classifcação bem subjetiva, como bom, ruim, muito bom, ... Acho que é o máximo de categorização que consigo. Vale mais o comentário que  propriamente a classificação.
O melhor vinho que já tomei até hoje, na verdade, foi um vinho simples: Chardonnay IGT Toscana La Verruka 2010. Nem me lembrava do seu nome até ver na foto abaixo, na hora de montar o post.

Mas nem precisava.  Foi degustado na maravilhosa cidade de Lucca,  num charmoso restaurante à beira da Piazza Napoleone, num final de tarde de absurda beleza, acompanhado da minha esposa e de um casal de amigos muito querido. Ou seja, tinha todos os ingredientes necessários para ser inesquecível. E foi.
Enquanto vinho simples que é, provado pelos grandes experts possivelmente não teria uma grande pontuação, mas, naquele momento, me pareceu um néctar de outro mundo.
Não sei descrevê-lo agora. Só sei que está impresso na minha memória sensorial de maneira definitiva.
A foto abaixo representa a alegria de um brinde entre amigos, prestes a experimentar o melhor vinho do mundo.


Classificação LV: excepcional.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Decantando com o liquidificador

Resolvi proceder essa experiência inspirado pelo excelente post do colega Mário Trano, do blog Mondovino - diga-se de passagem, um dos melhores blogs sobre vinho que eu conheço. Devo salientar que o plágio foi devidamente autorizado e até incentivado pelo autor.
Pois bem, primeiramente o vinho: escolhi um vinho que trouxe de viagem recente a Mendoza, que adquiri ao visitar a Bodega Lopez.

Trata-se do  Chateau Vieux 1996, um vinho da linha intermediária da tradicional vinícola mendocina (é, não tive coragem de testar com os Monchenot que trouxe de lá). É um interessante blend de Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir, que estagiou por 8 anos em tonéis de 5000 a 20000 litros antes de ser engarrafado e que me pareceu ideal para o teste, um vez que é vinho que necessariamente necessita de um bom tempo de decanter para depois ser tomado.
Assim, o vinho foi aberto, um terço da garrafa foi colocado em um liquidificador e batido por 30 segundos.


Após isso, estas foram as minhas constatações:
1- O vinho, em si, é muito bom, um blend realmente interessante. Bonita com rubi acastanhada, com lágrimas notavelmente lentas na taça. Nariz interessantíssimo, pouco frutado, com madeira sutil e uma série de aromas seqüenciais, com tabaco, especiarias, alcatrão, café,... Na boca continuou surpreendendo com uma acidez instigante e taninos tão macios que pareciam aveludados. Álcool correto. Final de média duração, confirmando o nariz.
2- O vinho do liquidificador mostrou aromas mais abertos e taninos mais vivos nos primeiros minutos, mas que colapsaram a seguir, fazendo o vinho ficar praticamente sem aromas e na boca, desequilibrado.
3- O vinho que não passou pelo liquidificador inicialmente estava fechado, mas com algum tempo de taça abriu e deu show, contrastando radicalmente com a outra taça, que seguia a passos largos para a decrepitude.

Assim, não posso de forma alguma recomendar o método, mas pretendo fazer outras experiências para confirmar os resultados.
Espero que outros colegas blogueiros animem-se a tentar e possam acrescentar suas experiências à minha e à do Mário.
Abraços.


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Strada del Vino i dell'Olio



Muito se fala da Estrada do Chianti, pequeno trecho repleto de vinícolas e cidadezinhas pitorescas entre Siena e Florença. A fama é merecidíssima e vale a visita. Mas um trecho que não é tão badalado ainda, mas que vale demais é a Strada del Vino i dell'Olio.



A proposta, assim como a anterior, é infalivel: estradinha bem conservada que passa entre vinhedos e olivais,




 repleta de paisagens estonteantes, pequenas vilas e cidades charmosas,


além de propriedades rurais belíssimas, onde se pode praticar com requinte o enoturismo e saborear as maravilhas culinárias locais. O trecho começa na absurdamente linda cidade de Lucca, passando pela encantadora Colline Lucchesi e termina em Montecarlo (não é a do Cassino, não), uma diminuta e charmosa cidadela no alto de uma colina, que remonta ao século XIV e é considerada uma das mais novas cidades da Toscana! E tem  bons vinhos com DO própria. Não conhecia e me surpreendi.
Fazem parte desse consórcio:
•Fattoria Michi
•Fattoria il Poggio
•Fattoria Vigna del Greppo
•Fattoria Wandanna
•Fattoria di Montechiari
•Azienda Agricola Stefanini Tronchetti
•Azienda Agricola Enzo Carmignani
•Azienda Agricola Gino Fuso Carmignani
•Fattoria La Torre
•Fattoria Tori
•Fattoria del Buonamico
•Fattoria Belvedere
•Azienda Agricola Borbone
•Azienda Agricola Bozzoli
•Azienda Agricola Lo Sgretoli
•Fattoria Cercatoia Alta
•Azienda Agricola Anna Maria Selmi
•Fattoria del Teso
O passeio, como dito, termina em Montecarlo, onde você pode ter uma bela refeição, acompanhada pelo bom rosso local.








Resumindo, se você planeja uma viagem à Toscana, deixe um dia reservado para este passeio. Tire o relógio do pulso e se perca ao longo deste trecho, experimentando a Itália com o que ela tem de melhor, longe das filas e hordas de turistas cheios de flashes.
Êta vida difícil!

domingo, 30 de outubro de 2011

Miolo Lote 43 2005


Vinho badalado, cheio de pompa e adjetivos.
Primeiro grande vinho nacional, segundo alguns.
Não achei tudo isso.
Cor rubi escura, densa, impenetrável.
Aromas de boa intensidade, com frutas escuras, especiarias e madeira marcante, um pouco além da conta.
Encorpado, com taninos redondos, baixa acidez e álcool na medida. Madeira carregada, desequilibrando.
Final médio, com discreto amargor.
Vinho apenas correto. Faltou brilho. Padrão globalizado.
Me deu a impressão de um vinho muito mexido, pouco natural.
Classificação: bom

FICHA

Produtor: Miolo
Tipo: Tinto - Assemblage
Região: Vale dos Vinhedos(Rio Grande do Sul)
País: Brasil
Safra: 2005
Uvas: Cabernet Sauvignon(50%) e Merlot(50%).
Graduação Alcoólica: 14%
Temperatura de Serviço: 15ºC
Envelhecimento: 12 meses em barricas novas de carvalho americano e francês.
Estimativa de Guarda: 10 anos

Gratena Chianti 2009


Esse vinho infelizmente foi uma grata surpresa.
Digo infelizmente porque dificilmente terei a oportunidade de adquiri-lo novamente.
Isso porque é produzido por um pequeno produtor da região do Chianti, de maneira orgânica, bem dentro da nova tendência.
Comprei no free shop de Roma após muita insistência da vendedora.
Quando estava escolhendo meus vinhos ela propôs o vinho. Peguei uma garrafa para fazer uma média e antes de ir ao caixa devolvi.
Já na boca do caixa, a vendedora novamente me abordou e insistiu que eu levasse o vinho, que eu iria me surpreender.
E a danada estava com toda razão - o vinho é surpreendente.
Elaborado com 100% sangiovese, não filtrado, sem passagem por madeira e 13% de álcool.
Cor rubi clara, translúcida e brilhante. Nariz cheio, de qualidade, fresco, com frutas vermelhas, toque terroso e defumado. Na boca é equilibrado, acidez deliciosa, corpo leve e taninos macios.
Final de média permanência, redondo.
Um Chianti bem típico e fresco.
Agradou muito.
Classificação: muito bom.
Pena que eu comprei só um.

sábado, 29 de outubro de 2011

Quem disse que vinho no Brasil é caro?

Fotos tiradas em uma pequena mas abastada enoteca em Sintra, Portugal.


Por mais que tenha procurado, não encontrei o Porto da Pet. Só achei estes, mas, não sei por que,  acabei não comprando.

Mouton Cadet branco 2008

Este vinho dispensa apresentações tanto quanto seu produtor.
Apesar de ser um fenômeno de vendas em nível mundial, está bem longe de ser um grande vinho.
Apresenta bonita cor amarelo-palha translúcida. Aromas tímidos, com frutado leve e notas florais. Na boca é leve, fresco, com certa mineralidade. Acidez e álcool corretos. Final curto.
Agradou pela delicadeza, mas é um vinho básico.
Deve ir bem com peixes delicados ou simplesmente como aperitivo.
Não tem muita vida pela frente.
Preço médio : 60 dilmas.
Não compraria outro. Temos coisa bem melhor pelo mesmo preço nas bandas de cá.
Classificação: regular.

FICHA

Produtor: Baron Philippe de Rothschild
País: França
Região: Bordeaux
Safra: 2010
Uvas/corte: 65% Sauvignon Blanc, 30% Sémillon, 5% Muscadelle
Álcool: 12,5%
Avaliações: WE 85 (06) WS 85 (06)

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Viagem à Toscana

Hoje foi dia de nostalgia. Dia de relembrar a viagem à Toscana que fizemos recentemente com o casal de amigos Estevão e Carla.
Então preparei um espaguete ao funghi ,que foi muito bem acompanhado por um Chianti muito especial, não por sua qualidade excepcional, mas pelas recordações que trouxe da lindíssima Greve in Chianti, onde foi comprado.


Cidadezinha pequena, bucólica, no coração do Chianti, extremamente charmosa e encantadora, daquelas para onde você tem a vontade de se mudar, após vender tudo o que tem. Acho que já vi esse filme...
Uma praça linda que é seu emblema máximo


e uma enoteca simplesmente fantástica, que disponibiliza aos clientes cerca de 150 rótulos diferentes em máquinas dosadoras.


As doses de 30 ml variam de 60 centavos de euros até 16 euros. Você compra um cartão carregado com um valor pré-definido e vai gastando nas maquinetas até acabar e voce comprar outro e depois mais outro, até não aguentar mais.


Isso sem contar com degustações grátis de azeite e porções apetitosas (essas pagas) de queijos e frios (especialmente o fantástico prosciutto).
Simplesmente imperdível!

De volta ao vinho (Chianti Clássico UPVC 2008), um típico Chianti, com com rubi translúcida e aromas de boa intensidade, frutado. Corpo leve, álcool na medida e taninos um pouco rústicos, bem típicos. Final curto, mas delicioso.
Classificação: bom.
Classificação da viagem : excepcional.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Casa Lapostolle Sauvignon Blanc 2009


Vinho simples, da linha básica da Casa Lapostolle ("Casa"), com proposta simples e que vai agradar se você não esperar muito dele.
Cor amarelo-palha bem clara e translúcida.
Aromas de média intensidade, predominando pera e maracujá.
Na boca, corpo leve, com alguma cremosidade, boa acidez e álcool correto. Final curto.
Achei que ficou faltando algo.
Não merece maiores comentários.
Classificação: bom

FICHA
Produtor: Casa Lapostolle
País: Chile
Região: Vale do Rapel
Safra: 2009
Tipo: Branco Seco
Uva: Sauvignon Blanc 90% e Sémillon 10%
Vinhedos: Vinhedo "Las Kuras", em Requinoa, na zona do Vale de Cachapoal, na sub-região do Vale de Rapel, na região do Vale Central. Colheita manual cedo de manhã para manter o máximo de frescor.
Vinificação: Todo o mosto macera inicialmente com as cascas, por 5-6 horas, para extrair mais características varietais. É fermentado em cubas de aço inoxidável, à 15-17ºC. Ele não é submetido à fermentação malolática.
Maturação: Segue-se uma maturação de 4 meses com as borras nas cubas de aço inox
Temperatura de Serviço: 11ºC
Teor Alcoólico: 13,5%

sábado, 8 de outubro de 2011

Visitando a Quinta da Bacalhoa

Em setembro último fizemos uma viagem fantástica pela Toscana, que será devidamente postada aqui.
Mas, como fizemos uma escala de dois dias em Lisboa, resolvemos conhecer a famosa Quinta da Bacalhoa (sede).



Alugamos um carro e partimos por um belo percurso de 40 minutos a partir de Lisboa.
A propriedade é lindíssima.
Logo na entrada, oliveiras colossais que datam de 300 aC !!!



Passamos pela impressionante sala de barricas onde dormem os famosos moscatéis de Setúbal.


Visitamos as instalações propriamente ditas, o lago de abastecimento e os vinhedos, é claro.


No final, como de costume, fomos para a sala de degustação e wine shop.



Provamos o branco Estrela 2010 (muito bom), o tinto Quinta da Bacalhoa 2009 (muito bom) e o Moscatel  (bom).



Valeu demais o passeio e saímos satisfeitos.
Compramos dois vinhos:
o belo Quinta da Bacalhoa 2009 (preço: 14,50 euros;aqui no Brasil: 120 dilmas) e o conceituado Palácio da Bacalhoa 2007 (preço: 26,50 euros; aqui: 250 dilmas).
Conforme  nos foi dito, todos os dois merecem um descanso de pelo menos uns cinco anos para chegarem ao auge. Será que dá pra aguentar?
Só pra fechar a manhã com chave de outro, a funcionária nos indicou um restaurante nas imediações frequentado só por locais, que foi um espetáculo. Nome: Janeiro. Especialidade: frutos do mar na brasa.













Simplesmente imperdível.
Êta vida difícil!

sábado, 1 de outubro de 2011

Lisini San Biagio IGT 2007



Basicamente, o termo supertoscano refere-se a vinhos com componente significante de Sangiovese combinado com variedades não associadas tradicionalmente à Itália, tais como Cabernet Sauvignon, Merlot e outras. Isto diferencia este blend do blend de Sangiovese clássico, no qual uma parte predominante de Sangiovese é combinada com variedades tradicionais italianas. Alguns vinhos famosos como Sassicaia, Masseto and Ornellaia e que são associados ao termo supertoscanos não apresentam Sangiovese o que causa alguma confusão.
De fato, o termo supertoscano foi usado para se referir especificamente a vinhos como Sassicaia and Tignanello. Eram vinhos que não eram incluídos no sistema de classificação DOCG italiano, pois continham variedades não permitidas e eram envelhecidos de maneira diferente (em barrica) ou então tinham 100% de Sangiovese, o que, então, não era permitido para a região do Chianti. Forçosamente foram classificados como vinhos “de tavola”, mas rapidamente encontraram amparo na crítica especializada e tiveram preços maiores do que os próprios DOCG Chianti Classico e vários Brunello di Montalcino. Começaram a ser chamados de supertoscanos, em virtude de sua popularidade, qualidade e preços elevados. Posteriormente, as autoridades italianas, 1992, reclassificaram esses vinhos na categoria IGT (Indicazione Geografica Tipica).
O fato é que muitos vinhos são ditos supertoscanos sem verdadeiramente o serem. Este Lisini é considerado supertoscano por uns e por outros, não. Isso serve para se ter uma idéia dos complexos sistemas de classificação da Itália. Resumindo e simplificando, o vinho que não se enquadra muito bem em categorias ja bem estabelecidas é dito IGT, o que faz este grupo bastante heterogêneo.
Este vinho é produzido com Sangiovese 100% e a verdade, classificações a parte, é que é muito bom.

Cor rubi escura, com bonitos reflexos alaranjados. Aromas intensos, deliciosos e instigantes, com um frutado leve, defumado e madeira discreta. Na boca mostrou muito equilibrio, corpo médio, taninos finos e prontos, álcool correto. Final longo confirmando o nariz.
Boa vocação gastronômica.
Agradou demais.
Classificação: muito bom.


sábado, 24 de setembro de 2011

Beronia Rioja Crianza 2008


Volto com prazer ao meu blog após algum tempo ausente, em virtude de incursão eno-gastronômica à Itália (os posts serão postados em Greve, digo, breve).
Já um tanto encharcado de tantos vinhos italianos, esse Rioja apresentado pelo Clube W caiu muito bem, servindo para variar um pouco e para lembrar que nem só de vinhos italianos vive o homem (mas daria pra viver tranquilamente).
Sou grande fã dos vinhos espanhóis, especialmente os da Rioja. O clássico corte riojano de tempranillo, garnacha e mazuelo é de uma performance espetacular, aliando bem potência e elegância. Acho difícil não gostar.
Cor rubi-grená, translúcida e brilhante. No nariz mostrou complexidade, com um frutado bem agradável, lembrando frutas em compota, caramelo e baunilha. Madeira bem presente, mas sem atropelos. Na boca, bastante equilíbrio, com taninos redondos, álcool e e acidez na medida certa. Final longo, com madeira marcante.
Tem aquele toque típico da tempranillo.
Agradou muito, mas fiquei com a impressão que ainda pode melhorar com um certo tempo de guarda.
O preço é de 67 dilmas (vale).
Classificação: muito bom.

FICHA

Produtor: Bodegas Beronia
Tipo: Tinto
País: Espanha
Região: Rioja
Safra: 2008
Corte: Tempranillo(83%), Garnacha(15%) e Mazuelo(2%).
Graduação Alcoólica: 13.5%
Temperatura de Serviço: 16ºC
Envelhecimento: 12 meses em barricas de carvalho americano e francês.
Estimativa de Guarda: 5 anos
Avaliações: WS - 87

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Itália x Chile



Noite dessas houve outro embate.
De um lado novamente a Itália, representada pelo ilustre 0-Berto; de outro lado, o Chile, por mim representado.
A consagrada velha guarda italiana (Giacomo Finocchio Barolo Riserva 2003) versus a ousadia novo-mundista da enóloga Maria Luz Marin (Casa Marin Lo Abarca Hills Vineyard Pinot Noir 2005).
O barolo redondíssimo após boa aeração, com linda cor rubi com reflexos alaranjados mostrando sua maturidade. Na boca, grande equilíbrio, com taninos elegantes, álcool correto e bom corpo. A madeira dando coerência. Final bastante prolongado.Excelente.
O Pinot também show de bola, mas fugindo um pouco do esperado para a casta. Cor rubi escura, com corpo médio, taninos bem presentes. Complexo. Álcool a 15%, mas  não pareceu. Final classudo. Muito bom.
Jogaço.
Já nos acréscimos a Itália marcou e levou a melhor.
Mas quem ganhou mesmo fomos eu e o 0-Berto, que degustamos esses grandes vinhos.
Que venha o próximo duelo!

Rosário


Numa pequena cidade do interior, o padre recebe a visita de um vigário de uma outra paróquia. Após um farto almoço, começam a conversar.
- As coisas por aqui não parecem ser muito agitadas - comenta o padre visitante.
- Você tem toda a razão, meu caro! A vida aqui é muito monótona: rosário, vinho, rosário, vinho... e assim a gente vai levando!
Faz uma pequena pausa e logo dá um berro em direção à cozinha:
- Rosário! Traz mais vinho!

*

domingo, 21 de agosto de 2011

Marques de Casa Concha Syrah 2007


A Concha Y Toro designou a safra 2007 de "safra histórica".  As condições climáticas foram excelentes e parece que tudo deu certo por lá.
De fato, todos que já provei desta safra são muito bons (Carmenere, Merlot, Cabernet Sauvignon). Faltava o Syrah. E manteve um nível próximo dos outros. Acho que o Merlot está num nível um pouco acima e o Syrah, um pouco abaixo. Inclusive 2007 foi a primeira safra desta linha usando a Carmenere.
O "Casa" Syrah também é novo, com a primeira safra apresentada em 2005. Com 18 meses de barrica, é um corte de 92% de Syrah, 4 % de Carmenere, 3% de Cabernet Sauvignon e 1% de Cabernet Franc.
Na taça, mostrou cor rubi escura, densa. Aromas potentes com muita fruta e madeira, com predomínio da primeira, destacando-se ameixas. Na boca é encorpado, com boa acidez, taninos firmes, mas educados. Álcool passando um pouco do ideal, mas sem comprometer. Final longo, fechando na madeira. Classificação: bom.

Fulvia Pinot Noir 2009 - a redenção do vinho nacional

Quem acompanha o blog sabe que sempre tive algumas restrições ao vinho nacional, por vários motivos.
Mas, por mais que eu possa elaborá-las aqui, fatalmente capitularão ante a excelência desse Fulvia Pinot Noir 2009.
Inevitável não pensar: nem parece vinho brasileiro. Ou parece?
Confesso que fui armado para provar esse vinho. Vinho nacional, badalado, relativamente caro, dito como vinho de autor, com personalidade. Na minha cabeça, pensei: taí mais uma bela jogada de marketing.
Na taça, o vinho já foi me desarmando. Cor rubi clarinha, translúcida, típica de Pinot. No nariz, balancei nas minhas convicções. Delicado, mas contundente, cheio de fruta. Amora, morango e alguma especiaria. Na boca, me derrubou por completo. Corpo leve, equilíbrio total entre os taninos educados, a acidez instigante e o álcool na mais correta medida. Madeira? Pra que? Final longo, delicioso, convidando ao próximo gole.
Vinho marcante, surpreendente. Ame-o ou deixe-o.
Eu amei.
Mas que fique claro que isso não se extende à maior parte do que temos aí no mercado.
Classificação : excelente.
Já voltei ao site do Marco Danielle e comprei mais.  Vinho bom é bom.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Santa Alvara Carmenere 2010


Bem agradável este Carmenere, de uma linha básica da Casa Lapostolle, cultuada vinícola chilena, produtora do badalado Clos Apalta. Esta vinícola tem mantido uma bela consistência em seus caldos e tem outros rótulos muito bons, como o Cuveé Alexandre (tenho um na adega e futuramente será postado aqui).  
Este vinho foi apresentado pelo parceiro Mário Henrique e agradou, principalmente se levado em consideração seu preço (23 dilmas na Mistral). Cor violácea translúcida, com lágrimas finas. Nariz um pouco tímido, mas agradável, com frutado leve e toque herbáceo. Madeira fininha. Na boca apresentou-se com bom equilíbrio, corpo leve para médio, taninos macios e baixa acidez. Final médio, redondo. Ótimo vinho para o dia a dia. Vinho jovem para ser bebido logo.
Classificação: bom.
FICHA
Produtor:
Casa Lapostolle

País: Chile
Região: Vale do Rapel
Safra: 2010
Tipo: Tinto
Uva: Carmenere
Maturação: Em barricas de carvalho francês (sem informações adicionais)
Temperatura de Serviço: 16 a 18ºC
Teor Alcoólico: 13,5%
Guarda: até 5 anos

quinta-feira, 21 de julho de 2011

La Velona Brunello de Montalcino 2004

Este foi apresentado pelo amigo 0-Berto, comprado na fonte, em viagem recente à Toscana.
Realmente muito bom.
O que dificulta são os preços quase proibitivos que esses vinhos alcançam aqui no Brasil.
Cor rubi clara, com toques alaranjados, translúcida.
Aromas de média intensidade, com boa evolução na taça, predominando tostado, caramelo e madeira, com fruta em segundo plano.
Bom equilíbrio após aeração, com taninos domados e boa acidez.
O álcool sobressai um pouco, mas melhora sensivelmente na taça.
Final longo, deixando impressão final de madeira adocicada.
Altamente recomendado.
Classificação: muito bom.
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