Preceito básico

O bom vinho não é o que os críticos e os entendidos enaltecem, nem aquele que custa os olhos da cara, nem o que todos bebem. O bom vinho é aquele de que gostamos, o que conseguimos comprar e, principalmente, o que bebemos em boa companhia!


domingo, 26 de junho de 2011

Viagem a Mendoza - Museo e Bodega La Rural



Retomando a série de posts sobre nossa viagem recente a Mendoza, mostraremos nossa visita ao Museu do Vinho e Bodega La Rural-Rutini.


O acervo é grande (dizem ser o maior da América), com peças muito antigas envolvendo todos os aspectos da produção do vinho na antiga propriedade, desde a produção até o transporte.
A visita continua com a apresentação das instalações atuais, que estavam em plena atividade, poi fomos em fevereiro, época de colheita.
Como disse em outra postagem, as vinícolas em Mendoza são inúmeras (cerca de 1200!!), mas toda visita acrecenta algo novo.
Esta, em particular, vale pelo museo, que realmente é demais.
A clássica degustação ao final da visita é bem fraca, com vinhos das linhas básicas e que não são bons. Mas a bodega tem belos rótulos, que estão disponíveis para compra.
No decorrer da visita, o guia conta a história de dom Felipe Rutini, nascido na Itália e estabelecido em Maipu-Mendoza em 1885. Sua descendência continuou com o empreendimento familiar e se dedicou ao cultivo de variedades diversas, como Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Merlot e Malbec. Depois, incorporaram o Chenin proveniente Vale do Loire. Recentemente a empresa foi vendida e um dos compradores foi a famosa Catena Zapata.
No museu, objetos de tempos coloniais, dias de imigração, até o presente.


Antigo caminhão de transporte de barris


Antigo lagar de couro de boi

Tonéis de 25.000 litros, desativados

Os vinhedos são muito bonitos, alguns com quase 100 anos.


Vinhedo de Cabernet Sauvignon plantado em 1973


Dez anos atrás, La Rural começou um intenso processo de renovação tecnológica e de infraestrutura.
As instalações, hoje, têm uma capacidade de armazenamento de dez milhões de litros.



Como já disse a degustação ao final foi fraca, mas a visita vale pelo museu, obrigatório para o verdadeiro apreciador que vai à Mendoza.


sexta-feira, 24 de junho de 2011

Casa Silva Gran Reserva Los Lingues Cabernet Sauvignon 2008


Desculpem-me a heresia, mas eu sempre achei a Cabernet Sauvignon uma uva "mais ou menos".
Eu sei, falar isso da famosa e onipresente CS soa mal.
Pode ser que eu mude, uma vez que gosto e preferências estão sempre mudando, principalmente em se tratando de vinhos, mas acho a CS meio monótona. As outras variedades estão sempre me surpreendendo, o que não acontece com a CS.
Agora, para blends acho a CS fantástica. Dá estrutura, dá caráter. A personalidade e os encantos ficam para os outros componentes do corte.
Minhas preferencias? Em ordem: Pinot Noir, Malbec e Tempranillo.
Mas, falando sobre o vinho, veio mais uma vez confirmar o que acabo de falar.
Vinho bonzinho, corretinho, bem feitinho, sem defeitinho, mas faltou algum encantinho.
Cor rubi escura violácea, pouco transparente.
Aromas intensos, com um bom ataque de fruta (cereja e ameixa), seguida de tostado e madeira bem colocada.
Na boca é equilibrado, com taninos redondos e álcool pouco pronunciado. Podia ter um pouco mais de acidez.
Retrogosto confirmando o nariz, de média persistência, com discreto amargor.
Melhora sensivelmente com a aeração.
Deixou a impressão de faltar um algo a mais. Mas é um CS, não é?
Classificação : bom.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Ocê gósdevinho?

Essa eu já tinha lido há um tempo e achei ainda agora aqui.
É manjada, mas é muito boa.
Inevitável não postar.

Degustação de vinho em Minas
(Luis Fernando Veríssimo)

- Hummm...
- Hummm...
- Eca!!!
- Eca?! Quem falou Eca?
- Fui eu, sô! O senhor num acha que esse vinho tá com um gostim estranho?
- Que é isso?! Ele lembra frutas secas adamascadas, com leve toque de
trufas brancas, revelando um retrogosto persistente, mas sutil, que enevoa as papilas de lembranças tropicais atávicas...
- Putaquepariu sô! E o senhor cheirou isso tudo aí no copo ?!
- Claro! Sou um enólogo laureado. E o senhor?
- Cebesta, eu não! Sou isso não senhor !! Mas que isso aqui tá me cheirando iguarzinho à minha egüinha Gertrudes depois da chuva, lá isso tá!
- Ai, que heresia! Valei-me São Mouton Rothschild!
- O senhor me desculpe, mas eu vi o senhor sacudindo o copo e enfiando o narigão lá dentro. O senhor tá gripado, é ?
- Não, meu amigo, são técnicas internacionais de degustação entende? Caso queira, posso ser seu mestre na arte enológica. O senhor aprenderá como segurar a garrafa, sacar a rolha, escolher a taça, deitar o vinho e, então...
- E intão moiá o biscoito, né? Tô fora, seu frutinha adamascada!
- O querido não entendeu. O que eu quero é introduzi-lo no...
- Mais num vai introduzi mais é nunca! Desafasta, coisa ruim!
- Calma! O senhor precisa conhecer nosso grupo de degustação. Hoje, por exemplo, vamos apreciar uns franceses jovens...
- Hã-hã... Eu sabia que tinha francês nessa história lazarenta...
- O senhor poderia começar com um Beaujolais!
- Num beijo lê, nem beijo lá! Eu sô é home, safardana!
- Então, que tal um mais encorpado?
- Óia lá, ocê tá brincano com fogo...
- Ou, então, um suave fresco!
- Seu moço, tome tento, que a minha mão já tá coçando de vontade de meter um tapa na sua cara desavergonhada!
- Já sei: iniciemos com um brut, curto e duro. O senhor vai gostar!
- Num vô não, fio de um cão! Mas num vô, messs! Num é questão de tamanho e firmeza, não, seu fióte de brabuleta. Meu negócio é outro, qui inté rima com brabuleta...
- Então, vejamos, que tal um aveludado e escorregadio?
- E que tal a mão no pédovido, hein, seu fióte de Belzebu?
- Pra que esse nervosismo todo? Já sei, o senhor prefere um duro e macio, acertei?
- Eu é qui vô acertá um tapão nas suas venta, cão sarnento! Engulidô de rôia!
- Mole e redondo, com bouquet forte?
- Agora, ocê pulô o corguim! E é um... e é dois... e é treis! Num corre, não, fiodaputa! Vorta aqui que eu te arrebento, sua bicha fedorenta!...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Miguel Torres Atrium Cabernet Sauvignon 2007


Esse veio pelo Clube W e foi uma boa aquisição.
Cor vermelho rubi escura, com tons violáceos, pouco transparente.
No nariz é meio tímido, mas melhora um pouco na taça. Destaque para amora, com madeira discreta.
Na boca é melhor, bem equilibrado, elegante, com corpo médio, taninos macios e boa acidez. Álcool bem colocado.
Final médio, deixando um toque de madeira.
Tem um boa vocação gastronômica.
Bom custo-benefício.
Classificação : bom.


FICHA
Produtor: Miguel Torres
Tipo: Tinto
Região: Penedès
País: Espanha
Uvas: Cabernet Sauvignon com parcela pequena de Tempranillo.
Safra: 2007
Graduação Alcoólica: 14.2%
Temperatura de Serviço: 15ºC
Envelhecimento: 12 meses em carvalho francês

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Tsantali Nemea Reserve 2005 - o vinho de Hércules


Ao fazer uma arrumação na adega, encontrei esse perdido.
Sinceramente, não me lembro de como veio parar aqui.
Como não me lembrava de já ter experimentado vinho grego, pensei: é hoje.
Os dizeres do rótulo " The wine from the land of Hércules" inevitavelmente trouxeram um mau pressentimento.
Vertido no copo, pareceu vinho; após o primeiro gole, também.
Cor vermelho rubi, límpida, brilhante.
No nariz, frutado leve, tabaco e alcatrão.
Na boca, corpo médio, acidez correta, taninos rústicos. Álcool bem integrado.
Final longo com amargor que incomoda e deixa uma impressão não muito boa do vinho.
Exótico.
Não acredito que terá uma nova oportunidade.
Mas foi razoável o suficiente para ser extinto até a última gota.
Com certeza, há piores.
Classificação: regular.

FICHA
País: Grécia
Região: D.O. Nemea (Peloponeso)
País: Grécia
Produtor: Tsantali
Safra: 2005
Casta: Agiorgitiko

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Domaine Jean Bousquet Pinot Noir Reserva 2009


Este foi presente do Estevão, parceiro que recentemente entrou para o time dos aficcionados por vinho e que sabe da minha paixão por Pinot.
Jean Bousquet é um francês de família vinhateira, que criou em 1997 a finca  Domaine Jean Bousquet na região de Tupungato, Mendoza, onde elabora uma variedade de vinhos interessantes. Os vinhedos são relativamente novos, mas o clima local favorece a elaboração de vinhos de qualidade premium.
Quanto ao vinho, apresentou cor rubi-grená transparente, com poucas lágrimas. Fluido na taça.
Aromas delicados, com frutas vermelhas, principalmente framboesa, além de tostado, tabaco e toque terroso.
Na boca, tem corpo leve, boa acidez, taninos bem macios. Boa profundidade. Reflexivo.
Final de média permanência.
É um vinho argentino com alma francesa. Prima por elegância. Classudo.
Para quem gosta do estilo é barbada.
Agradou bastante.
Classificação: Muito bom


Valeu Estevão!!!

FICHA:
Produtor: Domaine Jean Bousquet
País: Argentina
Safra: 2009
Corte/uvas: 100% Pinot Noir
Região: Tupungato, Mendoza
Vinhedos: a 1200 metros de altura.
Colheita: manual
Teor alcoolico: 14 %
Maturação: 10 meses em barricas de carvalho francês e 4 meses em garrafa

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Itália x Argentina

Numa noite dessas houve um embate.
De um lado, um italiano da gema, tradicional (Nobile de Montepulciano Gattavecchi 2008; de outro, um tradicional argentino (Di Tommaso Cabernet Sauvignon Roble 2007), cuja vinícola já foi visitada pelo Leigo Vinho e postada aqui.
O ZR, só para esnobar, veio com mais um italiano debaixo de braço. Para não ficar por baixo fui logo sacando um vinho comprado de uma vinícola especial de Mendoza: Família Di Tommaso.
Começamos com o hermano.


Cor rubi escura, com reflexos violáceos, pouco transparente.
Aromas tímidos, mas que melhoraram com aeração, com frutas negras e madeira.
Na boca, encorpado, com taninos rústicos, merecendo, talvez, um tempo maior de guarda. Álcool saliente, mas sem incomodar. Final bastante longo.
Ainda não está no auge.












Em seguida, o italiano.
Cor rubi media, translúcido.
Aromas de média intensidade, bem frutado, com toque de especiarias.
Na boca bem equilibrado, com taninos macios e pouco álcool. Corpo leve para médio.
Final médio.
Um vinho pronto.








Na análise final, os dois vinhos foram bem, ambos muito bons, mas com pequena vantagem para o italiano.
Mais uma vez, parabéns para o ZR.
Contudo, aposto que o argentino levaria a melhor se o embate acontecesse daqui a 5 anos.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Tempus Pleno 2005

Comprei este vinho de forma despretenciosa em um supermercado (Wall Mart) por um preço bem acessível (35 dilmas, como diz meu amigo General, do Blog Wineleaks). E a verdade é que vale cada centavo. Não chega a ser um vinhaço, mas dá conta do recado tranquilamente.
A vinícola vinícola Tempus Alba localiza-se em Mendoza, Argentina, com vinhedos em Luján de Cuyo, Maipú e Tupungato, com altitudes que variam de 800 a 1200 metros do nível do mar e tem apresentado alguns rótulos bem interessantes.
O Pleno é elaborado sempre com um corte de Malbec e CS em proproções que podem variar a cada safra. Este 2005 tem Malbec a 70% e Cabernet Sauvignon a 30%.
Com relação ao vinho, apresentou rubi escura, translúcida. Fluido na taça. Aromas de médio intensidade, com frutas vermelhas, café e couro. Madeira bem colocada, relativamente discreta para um vinho que passou 18 meses em barrica de primeiro uso. Na boca mostrou equilíbrio, com corpo médio. Álcool na medida, boa acidez, taninos finos. Final longo, deixando discreto amargor.
Ótimo custo-benefício.
Classificação: muito bom.


sábado, 4 de junho de 2011

Paulo Laureano Alentejo DOC Reserva 2007

Paulo Laureano é um conceituado enólogo alentejano, grande conhecedor do terroir e das particularidades viticulturais do Alentejo. Parte de seu sucesso vem da firme determinação de manter intocado o caráter e a personalidade dos vinhos alentejanos, utilizando-se de variedades exclusivamente portuguesas, em busca da mais pura expressão do terroir e tipicidade alentejanas. Tudo isso baseado em uma reformulação das técnicas que vinham sendo usados na região e um meticuloso trabalho junto aos vinhedos.
Um trecho que se encontra em seus rótulos:
"Acredito nas nossas castas, nas suas cores, nos seus aromas e sabores; por isso elegi-as como suporte de meus vinhos. A minha aposta é desenhar vinhos exclusivamente com castas portuguesas, vinhos feitos com o que é nosso, aquilo de que todos nos orgulhamos."
Esse vinho que degustei hoje foi comprado pelo amigo ZR, em uma viagem a BH.
Agradou bastante.
Cor rubi escura, pouco translúcido. Denso na taça.
Nariz intenso, com frutas vermelhas, notadamente cereja, café, tostado e uma madeira que cresceu bastante com a aeração.
Na boca mostrou grande equilíbrio, corpo médio, taninos macios, álcool correto e uma acidez viva, que deu um frescor interessante a uma vinho com boa presença de madeira (18 meses de barrica). fazendo com que não ficasse "pesadão".
Final muito longo, sem nenhum amargor.
Recomendo.
Classificação : muito bom.


quinta-feira, 2 de junho de 2011

Carmen Late Harvest Moscatel 2007 # CBE

Mais um vinho degustado para a Confraria Brasileira de Enoblogs.
A diretriz desse mês: vinho branco doce até 100 reais.
Confesso que vinhos de sobremesa só recentemente passaram a fazer parte de minha adega, o que me faz meio inexperiente no assunto.
Mas a cada experiência, aumenta meu encanto com esses vinhos.


Este Carmen Late Harvest Moscatel 2007 apresentou-se numa charmosa garrafa, com rótulo também bonito. Na taça, mostrou uma linda cor amarela, profunda, translucida, com poucas lágrimas. Denso. Aromas tímidos, com toque cítrico leve e presença predominante de mel. Na boca tem bom corpo, mas a doçura é muito pronunciada, não contrabalançada pela acidez, que é baixa. Final médio.
Achei um pouco enjoativo.
Inevitável não comparar com o último branco doce que provei (veja), certamente bem superior a esse.
Preço médio: 45 reais.



FICHA

Produtor: Viña Carmen
País: Chile
Região: Vale de Limari
Safra: 2007
Tipo: Branco Doce
Volume: 500 ml
Uva: Moscatel (100%)
Vinhedos: Vinhedos da região de Limarí. Rendimento limitado. Colheita manual.
Vinificação: Prensagem delicada. Fermentação longa (30 dias) em cuba de aço inoxidável com controle de temperatura.
Maturação: Nenhum uso de barrica.
Temperatura de Serviço: 7 a 9º C
Teor Alcoólico: 13% Vol.
Sugestão de Guarda: de 5 até 10 anos

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Enoblogs - blogs unidos apenas pelo vinho, por favor!

Há um bom tempo que eu acesso o Enoblogs regularmente.
Gosto de vinhos e do mundo gourmet. Gosto de falar e ler sobre isso. Puro e simples prazer. Hobby, diversão.
Acredito que a maioria dos seguidores e participantes seja assim.
Após algum tempo acompanhando esse site (que eu acho o máximo), eu me animei de criar meu próprio blog, onde eu pudesse compartilhar e registrar os vinhos degustados, ainda que de forma bem leiga.
Compartilhar experiências e impressões, sem nenhum outro interesse a não ser o mero prazer de viver esse mundo fascinante da enogastronomia.
E acho o Enoblogs uma sacada genial nesse contexto. Não é questão de ser um grande entendedor, e sim um apreciador.
Apesar de pertencer a esse grupo há pouco tempo, tenho um certo sentimento de posse. Melhor: um sentimento de fazer parte.
Por isso me aborreço com algo que venho percebendo cada vez mais frequentemente.
Infelizmente esse espaço tem sido utilizado com objetivo meramente financeiro. Lojas e empresas tem ocupado um espaço cada vez maior.
Hoje por exemplo, posts do tipo: receba mensalmente tantas garrafas por tanto.
O problema maior é justamente esse espaço cair em descrédito. As pessoas se cansam disso.
Eu mesmo várias vezes abri a página disposto a ler algo interessante e fechei logo, tantas foram as propagandas.
E, pelo andar da carruagem, parece que a coisa vai longe.
Desculpem o desabafo, mas já está ficando irritante...
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...