Preceito básico

O bom vinho não é o que os críticos e os entendidos enaltecem, nem aquele que custa os olhos da cara, nem o que todos bebem. O bom vinho é aquele de que gostamos, o que conseguimos comprar e, principalmente, o que bebemos em boa companhia!


terça-feira, 29 de março de 2011

Marques de Caceres-Rioja-Crianza 2006


De certa forma este vinho foi meio decepcionante, pois a minha expectativa com relação a vinhos espanhóis sempre é alta. Não que seja ruim, pelo contrário. Mas não chega a impressionar. É apenas correto.
Cor rubi brilhante, translúcida. Aromas inicialmente fechados, que abrem um pouco após aeração, mas não chegam a empolgar. Frutas vermelhas com algo de madeira. Na boca tem equilíbrio, mas os taninos não estão bem trabalhados. Discreto amargor. Final médio.
Custo: 63 reais. Por esse valor, compram-se vinhos melhores.
Classificação:  bom.




FICHA
Produtor: Marquês de Cáceres
Tipo: Tinto
Região: Rioja
País: Espanha
Safra: 2006
Uvas: Tempranillo(85%), Garnacha Tinta e Graciano(15%).
Graduação Alcoólica: 13%
Temperatura de Serviço: 16ºC
Envelhecimento: 12 meses em barricas de carvalho.
Diretrizes Enogastronômicas: carnes asadas, macarrão, queijos suaves ou semi-curados.
Estimativa de Guarda: 6 anos

domingo, 27 de março de 2011

Beni di Batasiolo Dolcetto d'Alba Bricco di Vergne 2009


 
Um típico vinho para o dia a dia, produzido por um produtor se não brilhante, pelo menos respeitável.
Cor rubi brilhante, com aromas de média intensidade, lembrando fruta vermelha, pinho, com toque herbáceo.
Corpo leve para médio, típico dos Dolceto, com taninos dóceis e boa acidez. Final médio.
Um vinho simples, fácil, mas bastante gastronômico, como, aliás, todos vinhos italianos.
Classificação: bom.

Região produtora

quinta-feira, 24 de março de 2011

Viagem a Mendoza - Bodega Família di Tommaso

Eu já postei aqui sobre a Bodega Lopez, que foi, definitivamente, a que mais me agradou em Mendoza. Mas quando fui para lá já fui com uma expectativa alta.
Uma bodega para a qual fui sem expectativa nenhuma e que me surpreendeu foi a Bodega Familia di Tommaso.

Nunca tinha ouvido falar. Seus vinhos não são vendidos em nenhum lugar, a não ser na própria bodega.  Na verdade fui para lá por uma indicação do nosso motorista, que, na verdade, mostrou ser um grande conhecedor do assunto. A visita foi demais.
Criada em 1869, é uma bodega que se orgulha de ser a mais antiga de Mendoza. Ela mantem sua estrutura original, mas hoje não é mais usada para a produção e sim para ser apresentada na visita.
Grandes tanques de alvenaria, que hoje abrigam garrafas em amadurecimento.



Toda a estrutura é de uma rusticidade encantadora e a guia, que, na verdade, é filha do dono, Sr. Tommaso, descendente do fundador, nos atende com grande amabilidade. Algo bem informal e acolhedor. Ela discorre fluentemente sobre todo o processo de colheita e vinificação e o faz com um orgulho que só uma bodega familiar tem para apresentar.
Toda a estrutura antiga da bodega foi tombada como patrimônio de Mendoza e não pode ser alterada, de maneira que é a mesma desde a fundação. Há também um restaurante anexo, mas não visitamos.
Somos levados a conhecer vinhos antigos e especiais numa sala antiga, que foi, no passado, um enorme tanque de fermentação.


No final, degustação de 4 vinhos: um da linha básica, dois da linha intermediária (excelentes) e um doce.



Sente-se o terroir, a tradição e a busca da qualidade. Vinhos especiais, artesanais, como não se encontra facilmente. Todos os vinhos ganham nomes de integrantes da família. Não tem como não se apaixonar.

Comprei o top da casa, um "edição limitada", feito apenas uma única vez, safra 2004, "Don Angelo Malbec Ultra Premium", com tiragem de apenas 4467 garrafas, numeradas, sendo que 3400 já haviam sido vendidas.
A minha é de número 3463 e já está na adega dormindo um pouco até uma ocasião especial (nossa guia disse que seria um crime abri-la antes de 2016). Eu devia é ter comprado mais!
Resumindo: é imperdível.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Mendoza - dicas de viagem

Disposto a uma aventura enogastronômica ? Mendoza é o destino.
Aqui vão algumas dicas de quem esteve lá recentemente. E adorou, diga-se de passagem.
Primeiramente: quando ir.
Há programas para o ano todo, mas o ideal é ir nos meses da colheita (fevereiro, março e abril), pois as bodegas estão a pleno vapor, recebendo as uvas colhidas e você poderá ver o processo de produção de forma mais completa. Em especial, a primeira semana de março é indicada, pois é quando ocorre a festa da vendimia, um verdadeiro show ao ar livre, com danças folclóricas, barraquinhas e tudo mais.
Outra questão: como ir.
Não há vôos diretos para Mendoza. A conexão pode ser feita em Buenos Aires ou Santiago. Santiago é mais perto. Você pode também, se tiver um estilo mais aventureiro, alugar um carro em Santiago e ir até Mendoza atravessando a cordilheira (mais ou menos umas 5 horas d eviagem). Acredite, é maravilhoso. Detalhe: só dá para fazer nesta época, pois em outra, a neve deixa a coisa meio perigosa. Você pode também parar alguns dias em Santiago e aproveitar as vinícolas mais próximas da cidade, para depois seguir viagem. Ou, ainda, fazer conexão em Buenos Aires, parando ou não por uns dias para ver um showzinho de tango e tb comer uma parrilla no Puerto Madero (sempre escoltada por um belo Malbec).
Outra questão a se considerar é comprar um pacote em uma operadora, pois fica muito mais barato. Geralmente esses pacotes incluem passagem aérea, hospedagem com café da manhã em hotéis de categoria turística, um city tour, um ou outro passeio e os traslados aeroporto-hotel. Na verdade vale muito mais a pena. Você não é, obviamente, obrigado a seguir o roteiro da agência, apenas aproveita o que lhe for conveniente. Foi assim que eu fiz. Por exemplo, no pacote, em Buenos Aires estava incluso um city tour que foi bem interessante. O show de tango contratamos lá. Em Mendoza estava incluso um tour de dia inteiro pela cordilheira que foi simplesmente fantástico. Incluia também um tour de bodegas, mas era muito turistão. Não fizemos e organizamos nosso próprio tour pelas bodegas que nos interessavam.

Outra questão: como visitar as vinícolas.
Você tem as seguintes opções: contratar uma agência de viagens, alugar um carro, ir de taxi ou contratar remises.
Contratar uma agência é seguro, mas inevitavelmente mais caro (ás vezes, bem caro). Além disso, você corre o risco de ir na mesma condução com outras pessoas que podem não estar no mesmo clima, ritmo ou conhecimento enológico que você, o que pode ser uma grande furada (assim: você pergunta pro cara que tipo de vinho ele gosta e ele responde: seco.).
Alugar um carro é possível se você quer liberdade máxima, parando em qualquer esquina para fotos ou se você curte dirigir em lugares desconhecidos. Mas acredite, mover-se no meio das estradinhas de terra entre as bodegas não é tão fácil e provavelmente você vai perder um bom tempo do seu precioso tempo errando os caminhos.
Ir de taxi só se você for a uma bodega só, mesmo assim não é uma boa opção, pois fica difícil pegar um taxi para a volta, a não ser que você combine um horário , mas aí o preço começa a não valer.
De longe, a melhor opção é contratar remises, que são taxis não numerados que se contrata para um determinado percurso ou período. Contudo, deve ser de confiança. A dica é pedir uma indicação no hotel. Contratamos por 350 pesos (em torno de 150 reais) um carro para ficar um dia inteiro à nossa disposição e nos levar para as vinícolas que quiséssemos. Se estiver num grupo de 4 pessoas, fica a menos de 40 reais por pessoa para um dia inteiro. É claro que convém escutar as sugestões dos motoristas, uma vez que o ideal é agrupar visitas de bodegas de uma mesma região para não perder muito tempo com deslocamento. Consulte um mapa com as bodegas de acordo com a região em que se localizam. É razoável visitar 3 a 4  bodegas por dia, com tempo de sobra para visitas, fotos, degustações, compras e almoço nas próprias bodegas, que geralmente é muito bom, com pratos harmonizados com os vinhos da casa.

Nosso remi nos deixando na porta da bodega


Outra questão: onde comprar vinhos.
Fora um vinho específico de que você tenha ouvido falar e que queira muito comprar (e que provavelmente será encontrado nas várias lojas especializadas de Mendoza), compre vinhos nas bodegas que você visitar. Primeiro, porque você tem restrição do número de garrafas que pode trazer (máximo de 16 de 750ml) e não pode sair comprando tudo – tem que selecionar. Segundo, porque nas bodegas é mais barato. Terceiro, porque haverá uma relação emocional com o vinho que você viu ser produzido ou degustou.

 Uma outra questão: com quem ir.
Três princípios básicos na hora de escolher companhia para a viagem, para não estragá-la:
- vá com quem voce gosta ;
- vá com quem gosta de vinho;
- vá com pessoas animadas.

BOA VIAGEM.


terça-feira, 8 de março de 2011

Esporão Reserva Tinto 2008

Tem gente que é taxativa: eu gosto de vinho assim e pronto. Outro dia li uma entrevista com o Ed Motta e ele disse: vinho que presta é da Borgonha e o resto não vale a pena.
Eu não consigo ser assim. Estou quase sempre num dilema: qual estilo de vinho prefiro. Na verdade, tenho percebido que minha preferência varia de acordo com os vinhos vou degustando. Quando experimento um belo vinho, tendo a achar que aquele estilo é o melhor. Este Esporão, por exemplo, me faz pensar que esse estilo elegante, velho mundista, é o que há.
Cor rubi tendente ao grená, brilhante, com delicadas lágrimas. Aromas de média intensidade, com frutado leve, madeira e caramelo. Complexo. Na boca confirma o nariz, apresenta corpo médio, com taninos educados, em um conjunto bem harmonizado. Final de boca de média persistência, sem nenhum amargor.
É um vinho delicioso, muito justinho, com tudo na dose certa. Ótima evolução na taça. A comida o valoriza muito. Dá vontade de comprar uma caixa, para ter sempre um à mão.
Esse é o estilão da minha preferência. Bem, pelo menos até a próxima garrafa.
Classificação: excelente.

FICHA

Produtor: Herdade do Esporão
Tipo: Tinto - Assemblage
Região: Alentejo
País: Portugal
Safra: 2008
Uvas: Aragonês, Trincadeira, Cabernet Sauvignon e Alicante Bouschet.
Graduação Alcoólica: 14%
Temperatura de Serviço: 15ºC
Envelhecimento: Estagio de doze meses em carvalho, 70% americano e 30% francês
Diretrizes Enogastronômicas: Carnes leves, aves, carne de porco, massa com molho vermelho e queijos tipo parmiggiano
Estimativa de Guarda: 8 ano(s)

segunda-feira, 7 de março de 2011

Tarapaca Gran Reserva Etiqueta Negra Cabernet Sauvignon 2008

Este vinho é considerado pela própria vinícola como seu melhor Cabernet Sauvignon.
De fato, é um vinhaço. Bem produzido, garrafa, etiqueta e rolha bonitas, tudo e tal.
Aromas intensos, com fruta madura e madeira bem mesclados e notas de especiarias. Na boca tem bom corpo e taninos macios, quase aveludados e os 14,5 % de álcool não são percebidos.
Final longo e delicioso, convidando ao próximo gole.
Pra quem gosta do estilão chilenaço, é barbada, não tem erro.
Preço de mercado: 80-90 reais.
Comprei por 22 dolares no free shop de Santiago.
Classificação: muito bom.





FICHA

Produtor: Viña Tarapaca
Tipo: Tinto
Região: Vale del Maipo
País: Chile
Safra: 2008
Uvas/corte: 81% Cabernet Sauvignon; 5% Cabernet Franc; 9% Petit Verdot; 5% Syrah
Graduação Alcoólica: 14,5%
Temperatura de Serviço: 16-18ºC
Envelhecimento: 14 meses em barricas de carvalho francês e americano
Teor alcoolico: 14,5%
Harmonização: Carnes vermelhas assadas e grelhadas, massas com molhos ricos e queijos;

domingo, 6 de março de 2011

Viagem a Mendoza - a Bodega Lopez

Ao partir para Mendoza eu tinha uma certeza: degustaria excelentes vinhos.
De fato, isso aconteceu. O que eu não sabia e que me surpreendeu foi a estrutura que encontramos por lá para o enoturismo.
As vinícolas, ou bodegas (como chamam por lá), geralmente têm espaços próprios para receber os visitantes, e, muitas vezes, apresentam estruturas sofisticadas, além de programas especialmente voltados para a apresentação da bodega, sua história, suas técnicas de produção e manejo, cursos de degustação e restaurantes, onde são servidos almoços requintados e harmonizados com seus vinhos. Tudo muito profissional, geralmente com custo bem acessível. Além disso, há espaços para venda de seus vinhos, geralmente por preços muito bons, além de lembrancinhas de todo tipo e apetrechos relacionados ao mundo do vinho. Fantástico!
E, se não bastasse, a região é lindíssima, com uma geografia privilegiada, com vastas áreas planas plantadas, ao lado da fabulosa Cordilheira dos Andes. Paisagens incríveis, cartões postais.
Fui com uma expectativa alta e mesmo assim me surpreendi.
Quem aprecia vinho TEM que visitar Mendoza. Os iniciantes aprendem muito e os iniciados se aprimoram.
Há bodegas de todo tipo: pequena, média, grande, rústica, mecanizada, artesanal, histórica.
Sem dúvida nenhuma, a bodega que mais me impressionou foi a Lopez, que inclusive foi indicação de um colega do Enoblogs, do Wineleaks ( valeu BK!).

Fachada principal

A Bodega Lopez é um caso singular dentro da indústria vitivinícola argentina: inaugurada há mais de um século, continua ainda hoje nas mãos da família fundadora.  Seu estilo combina tradição e renovação tecnológica. Seu fundador chegou à região em 1886 proveniente de Málaga, Espanha e decidiu instalar seus vinhedos ali em 1898, para fugir da filoxera, que devastava vinhedos na Europa então.
Escudo da família

Nas instalações bodega, vários elementos de trabalho contam sua história. Caminhões, prensas, tonéis e apetrechos do início do século encontram-se em perfeito estado de conservação e são apresentados na visita regular, que conta um pouco da história da bodega, que se confunde com a própria história da vitivinicultura argentina.
Em tempos de valorização do estilo do Novo Mundo, a Bodega Lopez segue em seu próprio estilo há mais de 100 anos, acreditando na sua tradicional maneira de fazer vinho, bastante "Velho Mundo". Não se deixa influenciar pelas tendência de mercado. Vinhos finos, elegantes, onde não falta nem sobra nada.
Os funcionários demonstram uma grande admiração pelo trabalho que a vinícola desenvolve e acreditam na proposta.
Infelizmente, no Brasil ainda não temos onde encontrar seus vinhos, mas a guia me confidenciou que ainda este ano eles já terão representantes por aqui.
A visita começa mostrando o processo de produção, a partir do momento em que as uvas chegam até a bodega (seus vinhedos se localizam a mais ou menos 20 minutos de lá). Nesta época do ano já está ocorrendo a colheita, assim, pode-se ver todo o processo.
Caminhão descarregando uvas recém colhidas

Visita bastante esclarecedora e didática, com guias extremamente atenciosos e educados. Aliás, na argentina todos parecem gostar de brasileiros.
Passamos pelos tanques de fermentação antigos (as piletas), construídas em alvenaria e revestidos com cera de abelha e também pelos tanques atuais, modernos, de aço inox, com temperatura controlada.
Tanques de aço inox para fermentação

Os incríveis tonéis de até 20 mil litros (acreditem!) são obras-primas que impressionam e contituam em uso, alguns com mais de 100 anos. O pensamento é que nesses tonéis os vinhos amadurecem melhor, com uma oxigenação menor e mais lenta, demorando mais, mas obtendo um produto final de maior qualidade. Alguns de seu vinhos chegam a ficar 10 anos em tonéis, o que seria impensável com barricas de carvalho novo com capacidade para 225 litros que geralmente são usados. Incrível.
Barricas de 20.000 litros

Vimos também a área de engarrafamento, totalmente automatizada, bastante moderna.

Depois passamos por um mini-museu da bodega. Muito interessante.
Caminhões de transporte do início sec. XX
Antigas prensas

Finalmente, fomos levados a uma maravilhosa cave subterrânea, onde fizemos uma degustação de um espumante e um tinto da linha intermediária - o Casona Lopez.

Acabada a visita guiada, o visitante tem a oportunidade de ir ao restaurante da bodega, o que infelizmente não fizemos em virtude da hora da nossa visita ou ir ao salão do Centro de Atenção ao Turista,  onde poderá fazer degustações de vários tipos e preços, e, claro, comprar vinhos.


Detalhe: os preços são inacreditáveis. Vinhos excelentes a preços suspreendentes.
Fizemos uma degustação de três vinhos, orientada pelo atencioso Juan: Casona Lopez Syrah 2007, Chateau Vieux 2003 e Montchenot "10 anos" 2001. Os dois últimos, excelentes.

Para se ter uma idéia, a bodega, remando contra a maré, não nomeia seu vinhos pelo nome da uva, nem investe muito em varietais, mas em blends, com nomes do tipo : Montchenot, Chateau Vieux, Traful, Vasco Viejo, López.
Sem dúvida, a estrela da casa é o Montchenot, um blend que estagia por 10 anos em tonéis de carvalho francês de 5.000 a 20.000 litros, para depois ir para a garrafa. Na garrafa ele é o " Montchenot básico" 10 anos. Se estagiar por mais 5 anos na garrafa, é o "15 anos" e, se ficar dormindo por 10 anos na garrafa, é o "20 anos".
Comprei algumas garrafas e futuramente virarão posts.
Valeu demais.
O que você tá esperando? Vá logo!

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