Preceito básico

O bom vinho não é o que os críticos e os entendidos enaltecem, nem aquele que custa os olhos da cara, nem o que todos bebem. O bom vinho é aquele de que gostamos, o que conseguimos comprar e, principalmente, o que bebemos em boa companhia!


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Martha's Porto 10 anos



Esse foi comprado numa pequena porém abastada enoteca em Sintra, em viagem recente a Portugal.
O painel da entrada já mostra qual o espírito da loja.



O vinho, que foi muito recomendado pelo vendedor, realmente é um tiro. Agradou demais.
Não sei se, num duelo, seria páreo para o afamado Porto da Pet, mas faria bonito com certeza.

Bonita cor castanho-claro, translúcida.
Nariz delicado, complexo, com caramelo, frutas secas, cravo e cedro. Boca untuosa, sutil, com álcool na medida e uma pontinha de acidez que´proporciona frescor sem perder a potência. Final longo e magestoso.


Custou 20 euros lá. Não consegui achá-lo, mas imagino o preço que teria por aqui.
Classificação LV: muito bom.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Marques de Riscal Reserva 2005


A sensação de abrir um vinho nunca antes provado é indescritível. A incerteza sobre o conteúdo de uma garrafa é instigante.
Gosto de imaginar o terroir, os vinhedos, plantados a tantos anos, aguardando para fornecer as uvas deste vinho. Depois, a vindima. Os trabalhadores colhendo os cachos com cuidado. A atenção no manuseio, o trabalho do enólogo, o afinamento na barrica, a espera na garrafa. Tudo isso gera uma expectativa quando abrimos a garrafa. Particularmente não tenho nenhuma pressa e prolongo esses momentos ao máximo. Aproveito cada instante. E foi assim com este belo exemplar espanhol. Aliás, os espanhóis tem ganhado cada vez mais espaço na minha adega e, com certeza, aparecerão seguidamente aqui no blog. 
Esse vinho já é manjado e sempre é um tiro certeiro. Faz bonito onde quer que vá.
Bonita cor rubi profunda, com alguns reflexos alaranjados.
Nariz com frutas vermelhas (cereja), notas balsâmicas, baunilha, tabaco e chocolate.
Na boca, corpo médio, acidez na medida, álcool imperceptível, taninos finos e notas de tostado.
Retrogosto incrivelmente longo, confirmando o nariz.
Agradou demais.
Preço médio : 100 dilmas.
Classificação LV: excelente.

FICHA

Produtor: Marques de Riscal
Tipo: Tinto
Região: Rioja
País: Espanha
Safra: 2005
Uvas/corte: Tempranillo (90%), Garnacha e Mazuelo.
Graduação Alcoólica: 13%
Temperatura de Serviço: 15oC
Envelhecimento: 12 meses em barrica e 24 em garrafa
Estimativa de Guarda: 10 anos
Avaliações de referência: 90 RP (05)

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Casajús Vendimia Seleccionada 2007


Com certeza a invasão das terras tupiniquins pelos espanhóis tem trazido muita coisa boa para as bandas de cá. Este é mais um belo exemplar e despertou o desejo de conhecer melhor os caldos deste produtor.
Cor rubi brilhante e translúcido.
Nariz instigante, com várias camadas, com frutas escuras, ameixa, especiarias e tabaco. A madeira discreta não deixou o vinho pesado, conferindo frescor.
Na boca a boa acidez deu vida. Equilíbrado e coerente, com corpo médio, taninos finos, álcool na medida e boa complexidade. Final longo e delicioso.
Você nem sente a garrafa esvaziando.
Agradou demais. 
Preço: 70 - 80 reais (vale).
Classificação: excelente.

FICHA

Produtor: Bodegas JA Calvo Casajús
Tipo: Tinto 
Região: Ribera Del Duero
Safra : 2007
País: Espanha
Uvas: Tempranillo(100%).
Temperatura de Serviço: 15oC
Envelhecimento: 24 meses em barricas de carvalho.
Safra: 2007
Estimativa de Guarda: 5 anos
Avaliações : 92 RP (07)

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

O melhor vinho da minha vida

Outro dia, um amigo me perguntou por que eu não aplicava notas aos vinhos que degustava e postava no blog.
Respondendo, acho que não se avalia vinho como uma máquina, com parâmetros numéricos, precisos de desempenho. Vinho é o momento, a ocasião, a companhia, o lugar, o estado de espírito e, obviamente, o vinho em  si.
Não estou dizendo que vou para Paris, sentar num restaurante maravilhoso à beira do Sena, muito bem acompanhado e beber um "Sangue de Bois" achando que aquilo é a oitava maravilha do mundo! Mas dentro de uma perpectiva plausível de bons vinhos, uma boa parte da avaliação pessoal que fazemos dos vinhos tem a ver com o que está ao redor da garrafa e não dentro. Quem nunca bebeu um vinho com 90 pontos e não gostou? Ou um 80 pontos e adorou? Ou ainda, quem nunca não bebeu um vinho numa determinada ocasião e achou muito bom e, numa outra ocasião, achou que ficou devendo? Além disso, o que é bom para um, pode não ser para outro.
De qualquer forma, faço o registro dos vinhos no blog numa classifcação bem subjetiva, como bom, ruim, muito bom, ... Acho que é o máximo de categorização que consigo. Vale mais o comentário que  propriamente a classificação.
O melhor vinho que já tomei até hoje, na verdade, foi um vinho simples: Chardonnay IGT Toscana La Verruka 2010. Nem me lembrava do seu nome até ver na foto abaixo, na hora de montar o post.

Mas nem precisava.  Foi degustado na maravilhosa cidade de Lucca,  num charmoso restaurante à beira da Piazza Napoleone, num final de tarde de absurda beleza, acompanhado da minha esposa e de um casal de amigos muito querido. Ou seja, tinha todos os ingredientes necessários para ser inesquecível. E foi.
Enquanto vinho simples que é, provado pelos grandes experts possivelmente não teria uma grande pontuação, mas, naquele momento, me pareceu um néctar de outro mundo.
Não sei descrevê-lo agora. Só sei que está impresso na minha memória sensorial de maneira definitiva.
A foto abaixo representa a alegria de um brinde entre amigos, prestes a experimentar o melhor vinho do mundo.


Classificação LV: excepcional.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Decantando com o liquidificador

Resolvi proceder essa experiência inspirado pelo excelente post do colega Mário Trano, do blog Mondovino - diga-se de passagem, um dos melhores blogs sobre vinho que eu conheço. Devo salientar que o plágio foi devidamente autorizado e até incentivado pelo autor.
Pois bem, primeiramente o vinho: escolhi um vinho que trouxe de viagem recente a Mendoza, que adquiri ao visitar a Bodega Lopez.

Trata-se do  Chateau Vieux 1996, um vinho da linha intermediária da tradicional vinícola mendocina (é, não tive coragem de testar com os Monchenot que trouxe de lá). É um interessante blend de Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir, que estagiou por 8 anos em tonéis de 5000 a 20000 litros antes de ser engarrafado e que me pareceu ideal para o teste, um vez que é vinho que necessariamente necessita de um bom tempo de decanter para depois ser tomado.
Assim, o vinho foi aberto, um terço da garrafa foi colocado em um liquidificador e batido por 30 segundos.


Após isso, estas foram as minhas constatações:
1- O vinho, em si, é muito bom, um blend realmente interessante. Bonita com rubi acastanhada, com lágrimas notavelmente lentas na taça. Nariz interessantíssimo, pouco frutado, com madeira sutil e uma série de aromas seqüenciais, com tabaco, especiarias, alcatrão, café,... Na boca continuou surpreendendo com uma acidez instigante e taninos tão macios que pareciam aveludados. Álcool correto. Final de média duração, confirmando o nariz.
2- O vinho do liquidificador mostrou aromas mais abertos e taninos mais vivos nos primeiros minutos, mas que colapsaram a seguir, fazendo o vinho ficar praticamente sem aromas e na boca, desequilibrado.
3- O vinho que não passou pelo liquidificador inicialmente estava fechado, mas com algum tempo de taça abriu e deu show, contrastando radicalmente com a outra taça, que seguia a passos largos para a decrepitude.

Assim, não posso de forma alguma recomendar o método, mas pretendo fazer outras experiências para confirmar os resultados.
Espero que outros colegas blogueiros animem-se a tentar e possam acrescentar suas experiências à minha e à do Mário.
Abraços.


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