Preceito básico

O bom vinho não é o que os críticos e os entendidos enaltecem, nem aquele que custa os olhos da cara, nem o que todos bebem. O bom vinho é aquele de que gostamos, o que conseguimos comprar e, principalmente, o que bebemos em boa companhia!


sábado, 9 de abril de 2011

Miolo Merlot Terroir 2008

A indústria vitivinícola brasileira tem caminhado a passos largos. Alavancados pelo interesse a cada dia maior do brasileiro pelo vinho e pelo consumo crescente, muitos vinicultores de visão investem cada vez mais e dão passos na direção certa, em busca da qualidade.
Contudo, muitas vezes as estratégias adotadas se mostram questionáveis. Vide a tão debatida questão do selo fiscal.
Pessoalmente, o que me irrita é a pompa com que certos vinhos são lançados e alardeados, muitas vezes não sendo merecedores.
Esse Miolo Merlot Terroir é um bom exemplo. O produtor o promove como o "melhor merlot do mundo" (após ter sido vencedor em uma competição internacional em sua faixa de preço).
O fato é que o vinho é bom e representa um grande avanço da vitivinicultura nacional, mas não é, ainda, um grande vinho.
Cor rubi profunda, não translucida, com lágrimas finas. Nariz intenso, com muita madeira (até demais) e frutos vermelhos. Na boca tem corpo leve, acidez média, álcool pouco pronunciado, e mais madeira de fundo. Final curto.
Achei muito nariz pra pouca boca. Muita madeira pra pouca estrutura.
Além disso, apresenta o inconveniente básico dos bons vinhos brasileiros: preço (cerca de 80 reais).
Repetindo: o vinho é bom, mas não justifica tanto alarde (nem o preço).
Classificação: bom.

FICHA

Produtor: Miolo
Tipo: Tinto 
Região: Vale dos Vinhedos(Rio Grande do Sul)
País: Brasil
Uvas: Merlot.
Safra: 2008
Graduação Alcoólica: 14%
Temperatura de Serviço: 16ºC
Envelhecimento: 12 meses em barricas novas de carvalho francês.
Estimativa de Guarda: 5 ano(s)

5 comentários:

  1. Boa! A impressão que tenho é que a indústria vitivinícola brasileira tem caminhado a passos largos, mas para os lados. Cobram os tubos, inventam vinhos premium sem dominar os vinhos simples, entendem mais de marketing do que de terroir, e imitam os industriais dos vizinhos andinos e os pontuados das revistas sem buscar o que seria a nossa personalidade, antes de mais nada. É quase tudo mediocre, salvo Marco Danielle e Vilmar Bettú.

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  2. Concordamos, Oswaldo.
    Tentam muito copiar e criam pouco.
    Já ouvi muito sobre Bettu, mas ainda não tive oportunidade de provar seus vinhos.
    Aguardo a ocasião.
    Obrigado pela participação.
    Abs

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  3. Bom post!

    Se comparar esses 80 reais pelo que isso proporciona num pais que só cobra impostos (que não é o caso do Brasil), imagina o que dá pra beber!

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  4. Concordo completamente!
    Recém comprei esse vinho em uma promoção da wine.com.br por R$ 50,00 - o que acho q seria um bom preço padrão para esse vinho -, mas infelizmente na própria Miolo ele estava sendo vendido na faixa de R$100,00.

    Acho ridículo também esse marketing do melhor Merlot do Mundo pois a faixa de preço q competia era de até 15 libras (+- 45 reais) e aqui é vendido na casa dos 100... Pra ter uma noção, em 5º lugar ficou o Casillero del Diablo Merlot, que é fácilmente encontrado na faixa de 30 reais ( menos de 1/3 do preço do Merlot da Miolo).

    De qualquer forma é muito difícil tomar vinho no Brasil. Vejo muitos vinhos excelentes nos EUA na faixa de 20 dólares que aqui só se encontra acima de 100 reais..

    Gostei do post! Tem que se falar dessas coisas mesmo.

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  5. Realmente Thiago,
    nós temos uma carga tributária enorme e consumir vinho importado no Brasil é muito caro.
    E a contrapartida dos nacionais não existe - eles são até mais caros (deve ser pra pagar o marketing).
    Dá raiva.

    Abs e obrigado pela contribuição.

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